Existem inúmeras espécies vegetais que embora sejam ornamentais e muito apreciadas em casas, praças e jardins podem esconder perigo por trás de sua beleza, pois apresentam caráter tóxico.
Entende-se por plantas tóxicas todas aquelas que, de um modo ou de outro, quando ingeridas pelo animal ou pelo homem causam danos que refletem na sua saúde ou vitalidade. Estas plantas apresentam princípios ativos capazes de causarem graves intoxicações quando ingeridas ou irritações cutâneas quando tocadas. São, ainda, aquelas que podem concorrer para a degeneração física ou mental quando usadas como remédio por desconhecimento de sua natureza química.
Felizmente, a maioria das plantas consideradas nocivas possui um paladar desagradável, desencorajando as pessoas a ingerir tais vegetais. O mesmo não se aplica às crianças ou às pessoas com alguma debilidade mental - que, por inocência, acabam sendo as maiores vítimas - e também os animais de estimação.
O processo de intoxicação pode ser crônico, agudo ou até fulminante. O princípio ativo age geralmente em órgãos específicos. Quanto à natureza das substâncias tóxicas, temos dois grandes grupos: o dos Alcalóides e dos Glicosídeos. Os alcalóides abrangem os entorpecentes que afetam o sistema nervoso do indivíduo, onde se destacam substâncias como a quinina, cafeína, nicotina, cocaína, morfina, estriquinina, etc. Já os glicosídeos podem atuar como veneno, agindo em diversas regiões do organismo. Dentre eles, agrupam-se a digitalina, estrofantina, apocinina, oleandrina, nerina, entre outras.
Para confirmação de qualquer suspeita, se um determinado vegetal é ou não nocivo, se apresenta ou não substâncias ativas tóxicas, recorre-se a testes laboratoriais. Hoje, sabe-se que 90% das plantas de jardim com princípios tóxicos provocam reações na pele, principalmente aquelas que secretam leite ou látex; atuam também nas mucosas mais sensíveis, causando irritações na boca, língua e garganta. Os outros 10% acarretam alterações no coração, com retardamento ou acelaração das batidas. Há também relatos de cólicas, geralmente acompanhadas de desinteria. A alergia, por ser um processo fisiológico, variável de indivíduo para indivíduo, é mais difícil de ser definida ou relacionada diretamente à determinada espécie. Remédio ou veneno - depende da quantidade.
A primeira medida de segurança contra a intoxicação por vegetais ornamentais é evitar o seu cultivo em locais freqüentados por crianças, como playgrounds e jardins caseiros. Outra medida é evitar o cultivo de plantas tóxicas em vasos de interior. Uma vez constatado que houve intoxicação por ingestão de alguma planta, a pessoa dever ser levada ao pronto socorro mais próximo, de preferência levando uma amostra da planta responsável pela intoxicação. Isto é muito importante porque a identificação do vegetal vai orientar o tratamento. Segue aqui uma lista de algumas plantas ornamentais tóxicas:
Nome Científico | Nome Popular | Princípio Ativo | Parte Tóxica |
Abrus precatorius | Olho-de-cabra | Toxalbumina abrina | Semente |
Allamanda cathartica | Alamanda | Toxalbumina curcina | Semente |
Arnica montana | Arnica | Toxalbumina curcina | Semente |
Atropa belladona | Beladona | Glicosídeo cardiotóxico | Flor e Folha |
Buxus sempervirens | Buxinho | Buxina | Folha |
Codieaeum variegatum | Cróton | Alcalóide crotina | Semente |
Datura metel | Saia roxa | Alcalóide daturina | Semente |
Datura suaveolens | Saia branca | Alcalóide daturina | Semente |
Delphinium spp | Esporinha | Alcalóide delfina | Semente |
Dieffenbachia spp | Comigo-ninguém-pode | Estricnina | Folha e Caule |
Digitalis purpúrea | Dedaleira | Digitoxina e digitaleína | Folha e Flor |
Euphorbia milii | Coroa-de-Cristo | Toxalbumina | Látex |
Ficus spp | Fícus | Glicosídeo doliarina | Látex |
Jatropha curcas | Pinhão Paraguaio | Toxalbumina curcina | Semente e Fruto |
Nerium oleander | Espirradeira | Glicosídeo oleandrina | Toda planta |
Plumeria rubra | Jasmim-manga | Quinina | Flor e Látex |
Ricinus communis | Mamona | Toxalbumina ricina | Semente |
Ruta graveolens | Arruda | Alcalóide rutina | A planta toda |
Vinca major | Vinca | Glicosídeo vinceína | Flor e Folha |
Cuidados:
1 - Mantenha as plantas venenosas fora do alcance das crianças e dos animais domésticos.
2 - Procure identificar se possui plantas venenosas em sua casa e arredores, buscando informações como nome e características.
3 - Oriente as crianças para não colocar plantas na boca e nunca utilizá-las como brinquedos (fazer comidinhas, tirar leite, etc.).
4 - Não utilize remédios ou chás caseiros com plantas sem orientação especializada.
5 - Evite comer folhas, frutos e raízes desconhecidas. Lembre-se de que não há regras ou testes seguros para distinguir as plantas comestíveis das venenosas. Nem sempre o cozimento elimina a toxicidade da planta.
6 - Tome cuidado ao podar as plantas que liberam látex, pois elas podem provocar irritação na pele e principalmente nos olhos. Evite deixar os galhos em qualquer local onde possam atrair crianças ou animais. Quando estiver mexendo com plantas venenosas use luvas e lave bem as mãos após esta atividade.
7 - Cuidados especiais também devem tomados com os animais domésticos. Animais filhotes e adultos muito ativos têm uma grande curiosidade por objetos novos no meio em que vivem e notam logo quando há um vaso diferente em casa ou uma planta estranha no jardim. Não é raro o animal lamber, morder, mastigar e engolir aquilo que lhe despertou a curiosidade. Animais privados de água podem, por exemplo, procurar plantas regadas ou molhadas de chuva recentemente e ingerir suas partes. Há casos de cães e gatos que ficam sozinhos confinados por períodos longos que acabam se distraindo com as plantas e acabam por ingerí-las.
8 - Em caso de acidente, guarde a planta para identificação e procure imediatamente orientação médica.
Fonte de informações: Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas - SINITOX - Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ Telefones para contato com os Centros de Controle de Intoxicações:
Curitiba - CIT/PR 0800.410.148
Florianópolis - CIT/SC (48) 331.9535
Porto Alegre - CIT/RS 0800.780.200
Salvador - CIAVE/BA 0800.284.4343
São Paulo - CEATOX/SP 0800.148.110
São Paulo - CCI/SP (11) 5011.5111